Esta semana, escutava um programa de rádio daqui de Campina
Grande, quando os apresentadores começaram uma discussão sobre os ‘flanelinhas’
que permanecem pelos semáforos da cidade limpando pára-brisas de carros que
param por ali. Inicialmente, o jornalista/apresentador afirmara que se tratava
de um problema social, onde várias instituições falharam, tais como a família,
a escola, a igreja, enfim, resumidamente, aqueles indivíduos estariam pelos
sinais de Campina, porque havia uma seqüência de erros, que não iremos tratar
aqui.
O que mais me chamou a atenção nessa discussão foi o fato de
que o apresentador começou a jogar a responsabilidade para os órgãos de
Segurança, que entendemos ser as Polícias, mesmo após o mesmo ter afirmado se
tratar de um problema social. Por mais de uma vez foi dito que aquilo era caso
de polícia, mesmo havendo um reconhecimento de que se tratava de um problema
social.
Não serei eu a pessoa mais indicada ou até mesmo qualificada
para debater o Código Penal, até porque não tenho, ainda, o diploma de bacharel
em direito. Porém, ainda não consegui enxergar, com o pouco conhecimento que
tenho, qual a tipificação do possível crime de “lavar para-brisa de carros sob
o farol”. A bem verdade é que – e isso já foi muito discutido por nós – quando
as demais entidades, instituições falham, sobrarão, sempre, para as Polícias
resolver o problema. Seja pelo fato do resultado dessa falha se tornar um caso
ilícito, e nestes casos a polícia deverá agir, pois está nas suas atribuições,
seja quando se quer “criar” um ilícito quando não há, como é o caso que
tratamos aqui.
Isto muito me preocupa, porque as pesquisas - que eu já tive
acesso - indicam que a população não anda muito satisfeita com a profissão
polícia, sendo assim, tentar jogar mais um ‘peso’ nas costas dos policiais,
como é esse agora, acaba que levando a população, mais uma vez, contra estes
profissionais.
Eu fico a me perguntar e, ao mesmo tempo, a me preocupar, se
a partir desta teoria (que todo problema é caso de polícia), policiais terão
que ir às escolas exigir que as notas dos alunos sejam boas. Imaginemos também,
se cada vez que uma operadora de telefonia fique congestionada, seja acionado o
190 ou que todos os débitos comerciais não pagos sejam cobrados por policiais.
Acredito ser de suma importância que os profissionais da
Segurança Pública comecem a “esclarecer” que não são os culpados dos males
sociais em que vivemos. Precisamos quebrar alguns paradigmas, desfazer alguns
estereótipos e começar a distinguir as competências de cada instituição.
Por fim, caso alguém possa me esclarecer em qual crime será
enquadrado o indivíduo que lava para-brisa de carros sem autorização, estou
atento para escutar. Até isto acontecer, vamos tentar separar o que é e o que não
é atribuição das polícias, que por sinal já tem muitíssimo o que fazer.
Um comentário:
Parabéns pelo blog, você escreve muito bem!
Sobre a matéria acima, só a dizer que já virou mania, por parte da população, governo, jornalistas... Responsabilizar a polícia pela mau educação dos seus filhos, e por todos os problemas sociais das redondezas.
Eles deviam passar a culpar os médicos e todo corpo da área de saúde, pelas inúmeras doenças que existem no mundo.
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