Na segunda quinzena de maio, o Secretário de Segurança da Paraíba, Gustavo Gominho, afirmou, em entrevista a uma emissora de rádio da Capital, que o motivo da demora na publicação do resultado final do Concurso da Polícia Civil da Paraíba é devido às pendências jurídicas com alguns candidatos sub-júdices. O Secretário afirmou também que a anulação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em outubro de 2009, resultou na convocação da Cespe (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos) às pressas pelo Governo Federal para elaborar uma nova prova, o que deslocou seus esforços.
Analisando o calendário do Enem, comprovamos que as datas da aplicação dos testes foram alteradas do início de outubro de 2009 para dezembro do mesmo ano. Isto significa dizer que: o Cespe se dedicou ao Enem de 1º de outubro de 2009 (quando o Ministro da Educação anulou a primeira prova, por suspeita de vazamento) ao final de janeiro de 2010, quando publicou o resultado final, que tinha previsão para o início de fevereiro e saiu com uma semana de antecedência.
Já o Concurso da Polícia Civil da Paraíba teve início no dia 29 de março de 2009, seis meses antes do Cespe se transformar em elaboradora do Enem. Mais de 50 dias após saiu o resultado final da 1ª etapa juntamente com a convocação para a entrega dos exames laboratoriais, que ocorreu entre o dia 1º ao 12 do mês de junho. O Resultado da 2ª etapa demorou um pouco menos, 49 dias.
O próximo desafio dos candidatos era o TAF (Teste de Aptidão Física), que foi realizado entre 7 e 9 de julho. Curiosamente, um dos testes mais rápidos de serem avaliados, já que o candidato só poderia ser apto ou inapto, coisa que era sabido no mesmo instante da prova, só saiu no dia 22 de outubro, 104 dias depois. A esta época, o Cespe começava a se dedicar ao Enem, mas mesmo assim, o certame já estava por volta dos seus seis meses.
Em 22 de outubro, era publicada a convocação para o exame psicológico, que apesar de ter sido no mesmo mês em que o Cespe pegou o “abacaxi” do Enem, ocorreu 3 dias depois. Menos de um mês após a publicação do resultado provisório e mais 52 dias para o definitivo. No período da divulgação final desta etapa, o Enem também estava sendo finalizado.
Nos dias 28 e 29 de Janeiro de 2010, acontecia a entrega de títulos para os cargos que exigiam ensino superior, afora o cargo de escrivão de polícia, que fez a prova de digitação no dia 31 do mesmo mês. Quarenta e cinco dias após, o edital com o resultado era publicado.
Mas, ainda faltava a entrega de títulos para Escrivão de Polícia, que aconteceu nos dias 10 e 11 de março, e a Perícia Médica para os PNEs, que ocorreu paralelamente algumas destas fases anteriormente citadas. Enfim, no dia 13 de abril de 2010, divulgava-se o que se parecia o último resultado antes da lista final.
No estado vizinho, o Rio Grande do Norte, o Governo Estadual também lançou edital para a Polícia Civil e, coincidentemente, o Cespe também foi a organizadora do certame. Diferentemente daqui, o transcorrer das fases foram em menor tempo. Apesar do Secretário Gominho afirmar que o nosso concurso não anda por causa do Enem e pendências jurídicas, a primeira fase do certame potiguar teve início no final de abril de 2009, um mês após a nossa, e em abril deste ano já foi publicado a convocação para o curso de formação.
Para enterrar de vez a desculpa dada pelo Estado, vamos analisar o Concurso da Polícia Federal, que também foi organizado pela Cespe. No concurso para a PF foram oferecidas 600 vagas, quase a metade das da Paraíba, em contrapartida, o número de candidatos inscritos foi mais que o dobro. Em números redondos foram 114 mil inscritos para a PF e 55 mil para a PCPB.
E, mesmo com Enem, ações judiciais, e o dobro de inscritos, o Concurso da Polícia Federal, da publicação do Edital de Abertura (27/07/09) à convocação para o Curso de Formação (28/01/10), durou apenas 6 meses.
Alguém poderia dizer que o concurso da Polícia Federal andou com “passos largos”, porque é da esfera Federal. Mas o que dizer do Concurso do Rio Grande do Norte, que iniciou depois do nosso e já está no processo do curso de formação? Seria uma discriminação da Universidade de Brasília com a Paraíba ou falta de vontade política do Governo do nosso querido estado?
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